2014 - 2015 - 2030


FMI
FIM


Publicado em: O Gaiense, 27 de Outubro de 2012

Lembram-se que, a 4 de Outubro, no Parlamento, Vítor Gaspar anunciou solenemente ao "melhor povo do mundo" que a troika ia sair de Portugal em 2014?

Pois bem, numa carta de intenções enviada a 14 de Outubro ao FMI, assinada pelo Ministro das Finanças e pelo Governador do Banco de Portugal, o cenário é bem mais negro. Afirmam: "Comprometemo-nos a reduzir o défice estrutural abaixo de 0,5% do PIB em 2015. Para isso, mais consolidação será necessária em 2014–15. Os cortes serão especificados em Fev.2013." "As privatizações estão a avançar. Esperamos decisões finais sobre a TAP e a ANA em 2012. No primeiro trimestre de 2013 avançaremos com os CTT, as operadoras de resíduos e a Águas de Portugal e reestruturaremos todo o sector da água. Preparamos a venda ou concessão de um canal de rádio e de televisão da RTP e a venda da CP Carga no segundo trimestre de 2013. Estamos a identificar mais empresas públicas que possam ser privatizadas."

O FMI, em documento publicado esta quinta-feira no seu site, em reacção à carta do governo, prevê que a dívida portuguesa desça gradualmente, atingindo os níveis anteriores à crise apenas em 2030. Isto, claro, se puder a contar com mais cortes na despesa, ano após ano. O problema é que, se assim fosse, já poucos estariam cá para comemorar esse feito: a maioria já teria emigrado ou morrido de fome. Ou então, teria corrido com o governo e os seus amigos da troika e começado uma vida nova. E nesta obscena festa dos mercados, a sigla FMI seria substituída por outra parecida: FIM.

Farewell happy poet


Morreu uma das pessoas de que mais gostei em toda a vida.


Em breve (quando regressar a Portugal e ao confuso arquivo de memórias) tentarei trazer-vos aqui um ou outro texto do Manuel António Pina, daqueles que nunca foram publicados em livro. 

Foram escritos ao longo de vários anos de trabalho conjunto, nas longas noites em que, charuto atrás de charuto, e pelo meio da ininterrupta e fascinante corrente da sua conversa sobre tudo, tentávamos criar peças publicitárias que nos agradassem a nós antes de agradarem aos clientes e aos clientes dos clientes.

Foi com ele, nessas noites em branco, que comecei a fumar charutos. Agora tenho ainda menos vontade de os largar.


A um Homem do Passado
Estes são os tempos futuros que temia 
o teu coração que mirrou sob pedras, 
que podes recear agora tão fundo, 
onde não chegam as aflições nem as palavras duras? 
Desceste em andamento; afinal era 
tudo tão inevitável como o resto. 
Viraste-te para o outro lado e sumiram-se 
da tua vista os bons e os maus momentos. 
Tu ainda tinhas essa porta à mão. 
(Aposto que a passaste com uma vénia desdenhosa.) 
Agora já não é possível morrer ou, 
pelo menos, já não chega fechar os olhos. 
Manuel António Pina, in "Nenhum Sítio"

Algumas das prendas que nos deixou:
1973 - "O país das pessoas de pernas para o ar" (lit. infanto-juvenil)
1974 - "Ainda não é o fim nem o princípio do Mundo, calma é apenas um pouco tarde" (poesia)
1974 - "Gigões & anantes" (lit. infanto-juvenil)
1976 - "O têpluquê" (lit. infanto-juvenil)
1978 - Aquele que quer morrer (poesia)
1981 - "A lâmpada do quarto? A criança?" (poesia)
1983 - "O pássaro da cabeça" (poesia)
1983 - "Os dois ladrões" (teatro)
1984 - "Nenhum sítio" (poesia)
1984 - "História com reis, rainhas, bobos, bombeiros e galinhas" (lit. infanto-juvenil)
1985 - A guerra do tabuleiro de xadrez(lit. infanto-juvenil)
1986 - Os piratas(ficção)
1989 - "O caminho de casa" (poesia)
1987 - "O inventão" (teatro)
1991 - Um sítio onde pousar a cabeça (poesia)
1992 - "Algo parecido com isto, da mesma substância" (poesia)
1993 - "Farewell happy fields" (poesia)
1993 - "O tesouro" (lit. infanto-juvenil)
1994 - "Cuidados intensivos" (poesia)
1994 - "O anacronista" (crónica)
1995 - O meu rio é de ouro /Mi rio es de oro (lit. infanto-juvenil)
1998 - "Aquilo que os olhos vêem, ou O Adamastor" (teatro)
1999 - Nenhuma palavra, nenhuma lembrança (poesia)
1999 - "Histórias que me contaste tu" (lit. infanto-juvenil)
2001 - "Atropelamento e fuga" (poesia)
2001 - "A noite" (teatro)
2001 - "Pequeno livro de desmatemática" (lit. infanto juvenil)
2002 - "Poesia reunida" (poesia)
2002 - "Perguntem aos vossos gatos e aos vossos câes" (teatro)
2002 - "Porto, modo de dizer" (crónica)
2003 - Os livros (poesia)
2003 - "Os papéis de K." (ficção)
2004 - "O cavalinho de pau do Menino Jesus" (lit. infanto-juvenil)
2005 - "Queres Bordalo?" (ficção)
2005 - "História do Capuchinho Vermelho contada a crianças e nem por isso por Manuel António Pina segundo desenhos de Paula Rego" (lit. infanto-juvenil)
2007 - "Dito em voz alta" (entrevistas)
2008 - "Gatos" (poesia)
2009 - "História do sábio fechado na sua biblioteca" (teatro)
2010 - "Por outras palavras e mais crónicas de jornal" (crónica)
2011 - "Poesia, saudade da prosa" (antologia poética)
2011 - "Como se desenha uma casa" (poesia)
2012 - "Todas as palavras /Poesia reunida" (poesia)

Uma história de biliões





Publicado em: O Gaiense, 20 de Outubro de 2012

Num estudo divulgado esta semana pela fundação alemã Bertelsmann Stiftung, apresentam-se as previsões do impacto causado pela saída do euro em quatro cenários: apenas a Grécia (Grexit), a Grécia e Portugal (GP), Grécia, Portugal e Espanha (GPS) e Grécia, Portugal, Espanha e Itália (GPSI). É estudado o impacto em cada uma das 42 maiores economias do mundo, no seu conjunto, correspondendo a 90% do PIB mundial.

No cenário GP, que nos interessa particularmente, é previsto um declínio da economia global nos 42 países de 2,4 biliões de euros: em Portugal 84 mil milhões, 225 na Alemanha, 331 em França, 275 na China, 365 nos EUA. O PIB da Alemanha baixaria 9,1%, o da França 17,6%, o dos EUA 3,3%, em Portugal seria o desastre total com uma redução de 55%.

No cenário GPSI, o efeito seria muito mais arrasador.

Estão assustados, os nossos amigos alemães. Fazem contas à vida e percebem que o problema está longe de ser um problema greco-português ou dos países do sul. Começam a compreender que estamos todos no mesmo barco e que o facto de viajarem nas cabines de 1ª classe deste Titanic não lhes servirá de grande consolo. Falta compreenderem (como por cá já se vai compreendendo) que, para evitar o iceberg, é preciso despedir a tripulação que comanda o navio, rever os mapas e traçar uma nova rota.


[ Pode consultar o estudo aqui ]



A máquina de fazer mentirosos




Publicado em: O Gaiense, 13 de Outubro de 2012

A França acaba de ratificar o Tratado orçamental com o patrocínio de Hollande e do PS. O mesmo Hollande que foi eleito presidente fazendo uma campanha centrada na crítica a esse Tratado, denunciado o seu conteúdo de austeridade, afirmando solenemente que o “renegociaria privilegiando o crescimento e o emprego e reorientando o papel do Banco Central Europeu”.  Há muitos eleitores de Hollande escandalizados, desiludidos, revoltados.

Como vemos, o nosso primeiro-ministro, tão claro antes de ser eleito a pregar o contrário do que hoje pratica, não é um caso isolado. O que fará com que os políticos europeus do chamado arco da governação, um após outro, se façam eleger com propostas políticas que renegam totalmente sem qualquer vergonha logo que chegam ao poder? Terão todos uma deformação congénita de carácter? Terão consciência de que, se revelassem antes o seu verdadeiro programa, nunca seriam eleitos? O que os impele tão fortemente a desprezarem por completo os seus crédulos eleitores?

É verdade que, uma vez eleitos, entram numa engrenagem europeia toda ela construída segundo o princípio de que o projecto de transformação em curso é demasiado importante para estar sujeito a percalços eleitorais ou referendários e às veleidades de uma soberania popular que, se por hipótese absurda tivesse de ser respeitada, abalaria fatalmente o interesse supremo dos mercados financeiros. Nesta terrível máquina de fazer mentirosos, os políticos podem até entrar um pouco diferentes uns dos outros, mas saem todos iguais. Temos de reconhecer que o combustível que faz andar esta máquina é realmente poderoso. Mas as ruas da Europa têm mostrado que há forças para o derrotar.

40 anos após o assassinato de Ribeiro Santos


Texto publicado no dossier do esquerda.net sobre os 40 anos do assassinato de Ribeiro Santos




História de um comunicado
(Acerca do assassinato de Ribeiro Santos, publicado na Academia do Porto em 1972)

Ribeiro Santos foi assassinado na tarde de quinta-feira, dia 12 de Outubro de 1972. Quando soubemos no Porto do acontecido, convocámos de emergência uma reunião plenária dos activistas da nossa corrente estudantil.
A reunião decorreu no TUP - Teatro Universitário do Porto, na altura localizado na rua do Carmo, com entrada por um portão entre a GNR e a então Faculdade de Letras. No TUP, organismo com grandes tradições na academia, tinha ingressado uma nova geração de estudantes revolucionários, que muito se dedicaram ao teatro, que começaram a apresentar peças muito politizadas, de autores progressistas, trabalhadas com encenadores de vanguarda. Como vários de nós éramos da Direcção do TUP, um organismo oficial da Universidade, as suas instalações passaram então a funcionar também como uma base logística para os activistas mais à esquerda do movimento estudantil, à falta de instalações associativas e perante a proibição imposta pelas autoridades académicas de utilizarmos as salas das faculdades para nos reunirmos.
A situação era grave e o ambiente da reunião extremamente tenso. Analisámos as informações disponíveis e redigimos um curto comunicado aos estudantes de toda a academia, de teor bastante radical, como o momento exigia. Acordado o texto, faltava decidir como deveria ser assinado e que título lhe havíamos de dar.
Quanto à assinatura, optámos por escrever “A Direcção da Associação de Ciências do Porto e outros estudantes presentes em reunião aberta”. A assinatura era arriscada. Num dos slogans que encerravam o texto dizíamos “Façamos frente à violência da burguesia!” e, em pleno fascismo, num momento em que as tensões estavam ao rubro e a repressão era brutal, um apelo deste teor assinado por uma estrutura legal, uma direcção associativa cujos nomes eram conhecidos das autoridades, era uma aposta forte no confronto.
Mas aceitámos sem hesitar, porque a Associação de Ciências era, na altura, a única estrutura associativa do Porto dirigida pela esquerda revolucionária e, por isso, era um ponto de apoio precioso para a luta. As Associações de Estudantes do Porto tinham sido, até então, dirigidas ou por gente de direita e estudantes “apolíticos”, cujas festas, praxes e irreverências juvenis tanto agradavam ao regime fascista, ou conquistadas por listas mais ou menos afectas ao PCP, que faziam um trabalho meritório de contestação, de luta contra a repressão e de mobilização dos estudantes, mas que nós considerávamos então demasiado chato, moderado e reformista, não correspondendo à vontade de luta dos estudantes e à necessidade premente de acção pelo derrube do governo e pelo fim da ditadura. Tinha sido precisamente no início desse mesmo ano de 1972 que, na Faculdade de Ciências, em que estavam integrados também os dois primeiros anos dos cursos de Engenharia, numas eleições super renhidas entre uma lista de esquerda revolucionária e uma lista reformista afecta ao PCP, a lista “Por uma Universidade Popular” venceu, por apenas 2 votos, a tradicional lista “Por um movimento associativo de massas”, dando lugar à primeira Direcção Associativa da nossa corrente na história da academia (depois desta primeira vitória em 1972, outras se seguiram, resultando em que, no 25 de Abril, as correntes à esquerda do PCP já dirigiam de facto o movimento estudantil do Porto).
Decidida então a assinatura do comunicado, precisávamos de um título. Eu fiz uma proposta.
Por aquela época, ouvia repetidamente, num gravador de fita, o registo de um espectáculo integrado nas comemorações do centenário da Comuna de Paris de 1871, realizado em França, no ano anterior. Nessa gravação, o José Mário Branco lia um famoso poema de Théodore Six, operário de tapeçaria, revolucionário já nas barricadas de 1848, que, deportado, tinha escrito um poema intitulado “Du peuple au peuple”, que foi publicado em forma de cartaz para ser afixado nas ruas de Paris na véspera de estalar a revolta da Comuna. Tantas vezes ouvi essa fita, que acabei por saber de cor (até hoje) esta última parte do poema:
J'ai publié ceci pour pouvoir dire: à tous par tous.
Peuple, médite et souviens-toi
Que tu es force et nombre,
Mais que
Tant que tu seras force et nombre sans idée
Tu ne seras qu'une bête de somme.
J'ai publié ceci pour te dire, peuple,
Que ton émancipation réside dans ta solidarité;
Pour te dire que l'heure la plus sombre
Est celle qui précède l'aurore.
(Publiquei isto para poder dizer: todos por todos.
Povo, medita e lembra-te
Que tu és força e número,
Mas que
Enquanto fores força e número sem ideias
Serás apenas uma besta de carga.
Publiquei isto para te dizer, povo,
Que a tua emancipação reside na tua solidariedade;
Para te dizer que a hora mais sombria
É a que precede a aurora.)

Não seria aquela hora, para nós estudantes, “a hora mais sombria”? A PIDE tinha assassinado um estudante a tiro dentro de uma Faculdade e isso não tinha acontecido nunca (a última morte de um estudante pela polícia, ocorrida no Porto, datava já de 28 de Abril de 1931, dia em que uma intervenção policial, ocorrida precisamente na parte da frente do edifício em que estávamos naquele momento reunidos, causou a morte ao estudante João Martins Branco).
A hora era, sem dúvida, sombria e eu, que adorava aqueles dois últimos versos do poema da Comuna, resolvi propô-los como título do nosso comunicado: “A hora mais sombria é a que precede a aurora”.
Gerou-se acesa discussão. Entre outros, o José Pacheco Pereira (se a memória não me atraiçoa), demoliu completamente a minha proposta com um conjunto de argumentos racionais inatacáveis: que o título era triunfalista, que criava ilusões nas massas de que o fim do fascismo (a aurora) vinha já aí, que não havia qualquer indicador sério que o fizesse prever, que não ajudava a preparar o povo para aguentar a luta dura e prolongada que ainda seria necessária, no fundo, que o título era contraditório com o próprio texto do comunicado. Racionalmente, ele parecia estar certo e eu dei-lhe razão em quase tudo. Apesar disso, decidi insistir na minha e manter a proposta. Foi portanto submetida a votação, naquele tenso plenário de activistas. E, surpreendentemente, ganhou. Acabada a reunião, escrevi o título à mão no stencil, ligamos o velho policopiador Gestetner e começamos a imprimir milhares de panflos noticiando - sempre em maiúsculas para acentuar a gravidade da situação - o assassinato de Ribeiro Santos.
No comunicado convocávamos um meeting para o átrio da Faculdade de Ciências, no edifício dos Leões, para a terça-feira, dia 17. Tinha-se conseguido um acordo de todas as correntes políticas e de todas as estruturas sobre a convocação deste meeting.
O meeting realizou-se com algumas centenas de estudantes, mas viria a correr menos bem, não só devido às ameaças do reitor e à repressão policial, mas também devido a alguma confusão lançada entre os estudantes. Mas isso são questões da história do movimento estudantil e da luta entre as diferentes correntes políticas que actuavam na altura, questões que podem com proveito ser revisitadas noutro âmbito, mas que não cabem neste artigo. Saídos do edifício dos Leões, partimos em manifestação pela rua de Cedofeita, onde nos chocámos com a polícia que vinha ao nosso encontro a partir da esquadra situada mais à frente naquela rua. Foi um dia importante para a nossa luta.

Hoje, sabemos que, felizmente, a “aurora” afinal sempre veio a seguir àquela hora mais sombria, dezoito meses depois. Os estudantes presentes naquela reunião no TUP, os que aprovaram o título do comunicado, talvez o tenham feito seduzidos pela qualidade literária da frase, bastante superior às alternativas, das quais provavelmente já ninguém se lembra, e isso já seria interessante e digno de nota. Mas, provavelmente, o que nos levou a escolher um título tão “triunfalista” terá sido mesmo o nosso sentimento da urgência daquele triunfo, a firme convicção de que não era possível mais aguentar a forma como o povo era tratado por aqueles governantes, de que algo tinha que ser feito, que o governo estava a chegar ao fim. Como, de facto, aconteceu.
_____________________

Escrevo esta nota em Outubro de 2012, num momento em que os portugueses estão a viver uma hora sombria, provavelmente a hora mais sombria deste Portugal democrático. Não seria altura de nos reunirmos para escolhermos o título de um novo comunicado ao país? É que eu tenho uma proposta a apresentar. Pode ser que dê sorte.

Conversas com Bruxelas




Publicado em: O Gaiense, 6 de Outubro de 2012

Pela segunda vez na história recente, o país se agita porque um governo negoceia com Bruxelas medidas a aplicar em Portugal antes de as anunciar, discutir e negociar em Portugal, directamente com aqueles que vão ser objecto, ou vítimas (ou beneficiários, na opinião dos governantes) dessas medidas. Quando José Sócrates, há dezoito meses, fez o mesmo, a propósito do PEC IV, que Passos Coelho fez agora, este considerou uma atitude inadmissível. Hoje, é Seguro a fazer o papel de virgem ofendida.

Se estas medidas, para entrarem em vigor, têm de ser aprovadas pelos parceiros europeus e têm também de ter aprovação em Portugal, fará alguma diferença a ordem pela qual as negociações se processam? Poder-se-á criticar os governos Sócrates e Coelho por terem começado as conversas por Bruxelas?

De facto, a ordem faz toda a diferença. Chegar a acordo em Bruxelas e depois promover a aprovação das medidas em Portugal é actuar como representante dos interesses e das políticas de Bruxelas junto dos portugueses. Discutir e aprovar as medidas primeiro em Portugal e depois tentar ganhar para elas o apoio de Bruxelas e dos parceiros europeus, seria actuar na Europa como representante de Portugal. Que tipo de governantes preferimos ter? 

Memória de dois grandes homens do Porto


Alfredo Ribeiro dos Santos

O Porto e o país perderam dois homens que são símbolos proeminentes da riqueza cívica e intelectual portuense.

Muito se tem publicado sobre a rica biografia científica, cultural e política destes dois médicos, cidadãos no pleno sentido da palavra.

Para mim, foram dois amigos mais velhos, que me habituei a apreciar e respeitar. Permitam-me que recorde aqui duas associações que criaram e em que tive o prazer e a honra de colaborar com eles.

Com Alfredo Ribeiro dos Santos, participei na fundação da associação "A Arte e a Vida", que constituímos sob a sua liderança com o objectivo de homenagear mestre Guilherme Camarinha, logo após a morte deste em 1994. Reuníamos regularmente no Ateneu e deste trabalho resultou, oito anos depois, em 2002, a edição de um livro que recolhe o fundamental da sua extensa obra no campo da pintura e sobretudo da tapeçaria e uma grande exposição retrospectiva no Museu Nacional de Soares dos Reis.

Com Nuno Grande, e após a campanha presidencial de Maria de Lurdes Pintasilgo de 1986, que teve Nuno Grande como mandatário nacional, participei na fundação da "APRIL - Associação Política Regional e de Intervenção Local", da qual Nuno Grande foi o presidente e principal animador durante muitos anos de intensa actividade. O que representou esta associação no panorama difícil da política portuense e portuguesa durante a década do cavaquismo triunfante está ainda longe de estar avaliado e devidamente valorizado. Nuno Grande foi, para muitos, uma figura de referência da esquerda alternativa que manteve viva a resistência às políticas e à cultura da direita que então varreram o país.



Nuno Grande

Aqui está a lista de evasores gregos que tem sido noticiada

A lista completa é de 1991 pessoas. Entretanto, tem sido divulgada esta lista de 36:

................

List contains the names of 36 former and sitting MPs and ministers, mainly from New Democracy and Pasok

A website has published the names of 36 current and former politicians and ministers being audited or investigated by the Financial and Economic Crime Unit (SDOE) for financial irregularities and suspicious acquisition of wealth.

The list was published on Thursday on the zougla.gr website.

The publication of the list has generated considerable controversy as none of those included on it are guilty of any wrongdoing and unless convicted cannot be accused of unlawful activity.

Financial prosecutor Grigoris Peponis on Friday ordered an urgent probe into the leak of a list, as the list of names appeared Friday on a news blog on the internet.

He assigned prosecutor Katerina Antoniou to conduct a probe into who leaked the document.

In the meantime, Supreme Court chief prosecutor Ioannis Tentes ordered prosecutor Eleni Raikou to conduct an urgent preliminary investigation into the continued leaks of SDOE material.


The list, which also includes New Democracy's Karmanlis Foundation research institute, is as follows:

Nikoloas Andrianopoulos Former finance minister general secretary.

Ioannis Anthopoulos (Pasok) Former deputy education minister. The investigation began in April 2012 and concerns his involvement as legal counsel to a number of companies which the SDOE were auditing. A request has been made to open his bank accounts.

Dimitris Apostolakis (Pasok) Former defence minister under Kostas Simitis.

Fotis Arvanitis (Pasok) Former MP for Fokida.

Antonis Bezas (ND) Former MP for Thesprotia (2000–2009). SDOE audit following complaints.

Marina Chrysoveloni (Independent Greeks) MP for Magnesia. The SDOE in Thessaly is carrying out an audit.

Panayiotis Fasoulas (Pasok) Former MP and mayor of Piraeus. Audit started after SDOE received complaints.

Filippos Fountis (Ecogreens) Parliamentary candidate in the 2012 elections. The SDOE in Thessaly began an audit on 23 April 2012 and is currently writing the report.

Apostolos Fotiadis (Pasok) Former deputy finance minister. Investigation follows a complaint of illegal enrichment. An audit of his income and expenditure has been made for the years 2000-2012 and on the properties he has declared in his tax return. A request has been made for bank account data.

Michalis Halkidis (ND) Former MP for Imathia and former mayor of Meliki. Audit on the basis of an allegation of illegal enrichment.

Nikitas Kaklamanis (ND) Former mayor of Athens and current MP. The period being audited concerns his time as mayor and is as a result of a complaint received by the SDOE in June 2012 concerning Athens municipal radio (98.4 FM), declaration of income statements and illegal deposits abroad. The audit has not begun.

Panos Kammenos (former ND, now Independent Greeks leader) Under examination for the period he was New Democracy MP. The SDOE will open his bank accounts after it has received the relevant order from prosecutors.

Michalis Karchimakis (Pasok) Former Pasok national council secretary. The SDOE is acting on an anonymous complaint alleging illegal enrichment on his part and that he owns three hotels in Ierapetra, which may not be in his name.

Nikos Konstantopoulos (Synaspismos) Former leader of Synaspismos (Left Coalition), which is now the core element in Syriza (Radical Left Coalition).

Michalis Liapis (New Democracy) Former transport and culture minister. Being audited on foot of a complaint about illegal enrichment.

Konstantinos Liaskas Former public works minister (1989-90) in Xenophon Zolotas' coalition government.

Tasos Mandelis (Pasok) Former transport and communications minister. The SDOE is carrying out a tax audit and bank account inspection in relation to the Siemens bribery scandal.

Petros Mantouvalos (ND) Lawyer and former MP for Piraeus (2000–2007). Being audited on the basis of an allegation of illegal enrichment.

Evangelos Meimarakis (ND) Current parliamentary speaker. SDOE audit on the strength of complaints received.

Thanasis Nakos (ND) Deputy parliamentary speaker. The SDOE investigation began on 15 March 2012 and is at the data-collection stage.

Yiorgos Orfanos (ND) Former MP for Thessaloniki. Audit relates to his time as deputy sports minister (2004-2007).

Fevronia Patrianakou (ND) MP for Lakonia. Subject of an audit on the basis of a complaint received by the Inspectorate for the Control of Public Administration(SEEDD).The banks have been requested to provide her bank account data.

Yiannos Papantoniou (Pasok) Former finance and defence minister. His wife is also being audited. The investigation, which began on the orders of a prosecutor, is awaiting account data from the banks.
Yiorgos Patoulis Mayor of Marousi. Under audit on the basis of allegations of illegal enrichment.

Ioannis Sbokos (Pasok) Former MP and general secretary at the defence ministry. Investigation on the basis of a prosecutor's order.

Aris Spiliotopoulos (ND) Former education ministry and current MP. Audit ordered after an anonymous complaint was received. The tax office is seeking his source of income declaration and the banks have been asked to hand over bank account data.

Spilios Spiliotopoulos (ND) Former defence minister (2004–2006), the period for which he is being audited.

Nikos Tagaris (ND) Former prefect of Corinthia and current MP for the same area. Audit launched on 14 October 2011 and the SDOE is currently collecting data from banks.

Elpida Tsouri (Pasok) Former MP and deputy minister of maritime affairs, Aegean and fisheries. Under investigation for her period as MP.

Akis Tsochatzopoulos (Pasok) Former defence minister. Currently on remand awaiting trial.

Leonidas Tzanis (Pasok) Former deputy interior minister. Controlled by SDOE Thessaloniki. Investigation launched on 31 May 2012 and the SDOE is currently collecting data from banks and analysing his source of income declaration.

Christos Verelis (Pasok) Former transport and communications minister. Audit underway after complaint was received.

Eliza Vozemberg (ND) Former MP for Athens A constituency.

Yiorgos Voulgarakis (ND) Former public order, culture and merchant marine minister. Investigation at the request (18 July 2012) of the financial prosecutor. The accounts of him and his wife are to be opened. Case at an early stage.

Alexandros Voulgaris (Pasok) Former MP for Magnesia. Under audit by the SDOE in Thessaly, which is currently collecting data.

Christos Zachopoulos Former general secretary of culture ministry under New Democracy.

Karamanlis Foundation Audit underway at New Democracy's research institute for mismanagement.

According to other reports, the SDOE is investigating four other politicial figures:

George Zanias Former caretaker finance minister.

Mariliza Xenoyiannakopoulou (Pasok) Former deputy foreign minister.

Yannis Maniatis (Pasok) Former deputy environment minister.

Spyros Travlos Former secretary general for armaments (2002) under Kostas Simitis.

Reaction

There has been strong reaction from some of those names appear on the lists.

Independent Greeks leader Panos Kammenos vigorously denied that he owns real estate in Galaxidi, noting that the properties being looked at by SDOE have been in his family "for decades". He said he hoped his name was on the list due to an oversight.

Christos Verelis said that these days " everyone seems to be hunting everyone".

Marina Chrysoveloni called for a speedy completion of the investigation of all the cases pending SDOE cases involving political figures.

In a letter to deputy finance minister responsible for the SDOE, George Mavraganis, former Athens mayor Nikitas Kaklamanis said that his name was contained in the list on the basis of "anonymous and totally unfounded charges".

He claimed that the officer of mayor had nothing to do with the financial management of Athens municipal radio, which was is governed by an interparty board of directors and chairman.

He demanded a full investigation into all the accusations in order to expose what he said was a campaign of slander against him. He added that he would take legal action based on the results. (Additional reporting AMNA)







Manif Paris 2012-09-30 contra o Tratado Orçamental

O nosso governo e uma maioria parlamentar fizeram de Portugal o primeiro país a ratificar este Tratado (os bons alunos que nos colocam na cauda da Europa). 
Nos países dos seus autores, Merkel e Sarkozy, ainda nem sequer foi aprovado.
O bloqueio do Tratado em França seria um contributo inestimável à luta dos portugueses contra as políticas de austeridade do governo e da troika.