Sem vencedores antecipados



Publicado em: O Gaiense, 16 de Junho de 2012

Domingo vai ser dia de grandes emoções. Porque as competições só são autênticas e apaixonantes quando está tudo em aberto e não há vencedores antecipados. Não é certo que a Alemanha fique na frente, como sempre, nem que Portugal fique para trás. Vai jogar-se futebol a sério, daquele que se decide dentro das quatro linhas, no próprio dia.

Vou ver o jogo na sede do Syriza, em Atenas, onde se joga o outro euro. A essa hora, estarão a ser divulgados os primeiros resultados das eleições gregas em que, pela primeira vez, está também tudo em aberto e não há vencedores antecipados. Não é certo que os interesses da Alemanha fiquem na frente, como sempre, nem que o trabalhador grego fique para trás. No berço da democracia vai disputar-se uma eleição a sério, daquelas que se decidem nas urnas, no próprio dia.

Talvez ganhem mais uma vez os partidos da troika e da austeridade. Mas, o simples facto de essa vitória não estar antecipadamente garantida introduz um factor completamente novo, que revitaliza a democracia e altera o panorama político europeu: os partidos que trouxeram a Europa até à desgraçada situação em que se encontra, afinal podem ser derrotados. O grande dogma das últimas décadas – “não há alternativa” – foi ferido de morte. E não se trata de uma particularidade da martirizada nação helénica. As últimas sondagens na rica Holanda têm dado o primeiro lugar a um partido do mesmo grupo parlamentar europeu do Syriza.

Portugueses, animem-se! Também nós vamos poder mudar de vida, que hoje o futuro já não é o que era.

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