As nossas armas de Khadafi




Publicado em: O Gaiense, 26 de Fevereiro de 2011

A repressão dos manifestantes líbios - de que porventura vimos ainda apenas uma amostra -, apesar de justamente condenada pela UE, está a ser feita, em grande parte, com armas vendidas pelas empresas e Estados da UE. O bloqueio das redes de telemóveis e Internet está a dificultar o resgate dos cidadãos europeus, mas está a ser feito com equipamentos vendidos para esse efeito por empresas da UE, sob autorização dos seus Estados.

No Jornal Oficial da União Europeia (C9, 13-01-2011) acaba de ser publicado o Relatório Anual sobre as exportações de tecnologia e equipamento militares. Vários países da UE, Portugal incluído, autorizaram a exportação de centenas de milhões de euros de equipamentos militares para a Líbia e para os outros regimes da região em conflito com os seus povos.

Dir-me-ão que as exportações são importantes para a recuperação económica. Certamente que sim, mas a estratégia não pode ser a de vender seja o que for, seja a quem for. Em qualquer ramo de actividade, aumenta-se o volume de negócios incentivando a procura; o problema é que, no caso da indústria de armamento, um marketing competente é aquele que incentiva as guerras e o reforço dos arsenais militares e uma política de paz é vista como um sério risco para o negócio, a evitar a todo o custo.

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