Uma aventura no mundo da política



Publicado em: O Gaiense, 13 de Junho de 2009

Uma das novidades desta campanha europeia foi o lançamento, por um abastadíssimo homem de negócios, de um partido pan-europeu. O homem chama-se Declan Ganley e ao seu partido chamou-lhe "Libertas". Foi uma evolução do Instituto Libertas, um lobby político dirigido por Ganley e pelos seus associados do mundo da economia. Tinha sido nesse mundo que o irlandês se destacara à frente de empresas que forneciam sistemas de comunicações militares e de emergência aos EUA, isto depois de ter enriquecido com outros negócios na Rússia e países vizinhos no período que se seguiu à queda do muro, onde chegou mesmo a exercer cargos de assessor económico de vários governos. Foi também consultor de "tecnologia e terrorismo" dos ex-governantes associados no Clube de Madrid e muito mais coisas.

Na Irlanda, Ganley tinha-se empenhado na campanha do referendo ao Tratado de Lisboa. Entusiasmado com o sucesso, tomou-lhe o gosto e lançou um partido mais ou menos em sistema de franchising. Ele é presidente. Via internet, apelou à criação de delegações nos vários Estados-Membros. Em Portugal, quem se associou ao projecto Libertas foi o MPT e o candidato foi o presidente da Comissão Política deste partido, que é também deputado eleito nas listas do PSD à Assembleia da República (apesar de alimentar esperanças de que a dita acabe e se restaure a monarquia).

Questionado pelos jornalistas sobre o custo da sua forte campanha europeia, Ganley disse que não fazia ideia de quanto gastou. Apesar disso, os resultados foram desastrosos por todo o lado. Nem o próprio Ganley conseguiu ser eleito na sua terra. Agora, diz que não se vai envolver na campanha se houver um segundo referendo irlandês ao Tratado de Lisboa. O negócio da política falhou. Volta para o mundo dos outros negócios. Foi apenas uma curta aventura.

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