Irão conseguir?



Publicado em: O Gaiense, 20 de Junho de 2009

A agitação continua nas ruas do Irão após o anúncio dos resultados eleitorais, que muitos iranianos consideram não corresponder à realidade do voto popular.

O futuro deste grande e importante país continua incerto. Mas a coisa mexe.

Como a história recente do Irão nos demonstrou, um regime fortemente repressivo como era o do xá Reza Palehvi, pode ser substituído na sequência de um movimento popular de contestação, embora isso não signifique que o substituto seja necessariamente melhor, como se viu com a liderança radical, fundamentalista e reaccionária dos ayatolas que passou a governar o país. Agora veremos o que acontece.

Os regimes que se baseiam na repressão das liberdades públicas sempre precisaram de controlar a informação (e os portugueses bem o sabem). Mas há algo de novo. Um sinal dos tempos na resposta a esta vaga de contestação é o bloqueio estatal às novas tecnologias de informação e comunicação. Mas, contrariamente aos meios de comunicação tradicionais (televisão, rádio e jornais), os novos meios são muito mais voláteis e difíceis de controlar. Hoje, cada um pode ser repórter com o seu telemóvel, cada um pode ser uma agência noticiosa internacional através da internet. Os regimes totalitários têm uma vida mais difícil.

A aldeia ainda não é global, mas os muros protectores das praças-fortes dos tiranos apresentam já inúmeras fendas. A artilharia dos sms, do twitter, dos blogs e dos e-mails continua a disparar. A liberdade está a passar por aí.

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