A ilha das surpresas

Publicado em: O Gaiense, 1 de Março de 2008

Domingo foi dia de várias eleições.
Elegeu-se o parlamento estadual de Hamburgo, sem grandes novidades para além da primeira eleição de deputados da nova esquerda Die Linke.
Cuba elegeu presidente e governo. Nada de novo, seja no processo eleitoral, seja na pessoa escolhida, Raul Castro, que já exercia o cargo interinamente. Estranho é que esta absoluta falta de novidade tenha merecido um enorme destaque na comunicação social portuguesa. Sobretudo se comparado com a falta de relevo dado às eleições que nesse dia tiveram lugar numa outra ilha que, por ser um Estado-membro da UE, terá para nós mais interesse e maiores repercussões.
As presidenciais em Chipre tinham sido disputadíssimas na primeira volta. O actual presidente, candidato apoiado pelo Partido Socialista, Partido Democrático e Verdes, com 31,79% não conseguiu passar à segunda volta. No passado domingo confrontaram-se então os candidatos mais à esquerda e mais à direita. Ganhou Dimitris Christofias, do AKEL, Partido Progressista dos Trabalhadores, que no Parlamento Europeu está no mesmo grupo do Bloco de Esquerda e do PCP. É a primeira vez, nos 51 anos de construção europeia, que há um presidente e chefe de governo oriundo desta área. O primeiro lugar conquistado pela esquerda mais à esquerda dentro do Conselho Europeu.
Positivo para uns, negativo para outros, isto é por todos considerado uma absoluta novidade política. Mas, na nossa comunicação social, a ilha das surpresas ficou ofuscada por aquela outra de onde não veio nada de novo.

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